Nova investida de presidente do PT contra a reoneração dos combustíveis mina caminho de Haddad para construir crença na responsabilidade fiscal do governo
Primeira tropa. Lula, ladeado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e pelo futuro vice, Geraldo Alckmin, apresentou os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil) e José Múcio (Defesa)
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, atropelou a tensa discussão interna do governo com o presidente Lula em torno da reoneração imediata ou não dos combustíveis e, publicamente, defendeu que a decisão seja adiada para depois de abril.
É a mais clara investida pública da ala política do entorno de Lula contra a equipe econômica capitaneada por Fernando Haddad (Fazenda), mas que conta, também, com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. Ambos têm evitado fazer publicamente o debate sobre as decisões de política econômica e sobretudo a parte fiscal, aquela mais delicada e que tem suscitado maior desconfiança por parte dos agentes econômicos.
Mas todos estão incomodados com a fritura a que Gleisi e os demais integrantes desse núcleo político têm submetido o grupo, e sobretudo Haddad, justamente por ser petista, ter sido uma escolha pessoal de Lula e ter demonstrado lealdade ao presidente nos tempos difíceis tanto quanto a presidente do partido.
O problema, na verdade, transcende em muito uma eventual disputa algo infantil por fazer a cabeça de Lula, algo preocupante quando se pensa que se trata de um quase octagenário que ocupa pela terceira vez a Presidência — e, portanto, deveria ser peremptório em frear esse fogo amigo num país em que a oposição já se mostrou disposta a tacar fogo literalmente nas instituições e incinerar a governabilidade até aqui não assegurada.
Por Vera Magalhães>O Globo
Por Alberval Figueirêdo