Um bloqueador de sinal impede a troca de informações por celular. A mesa e as cadeiras ficam no centro do ambiente, decorado em madeira.
Quem se levanta para olhar a vista do alto do 20º andar consegue contemplar o lago Paranoá, em Brasília. É nesse espaço onde o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central define o patamar da taxa básica de juros, a Selic.
O colegiado do BC se reúne oito vezes por ano, a cada 45 dias, para calibrar o principal instrumento de controle da inflação. Na formação atual, o Copom é composto pelo presidente, Roberto Campos Neto, e mais oito diretores de diferentes áreas –incluindo Administração, Fiscalização e Regulação–, com direito a um voto cada, com pesos iguais.
Segundo ex-diretores do BC que pediram para não serem identificados, embora alguns membros tenham menos contato com política monetária no dia a dia e façam apontamentos menos técnicos nas discussões, eles são profissionais experientes e ajudam a tornar o debate mais rico.
A cada encontro, é obrigatória a presença do chefe da instituição (ou seu substituto) e metade do número de diretores, no mínimo. Em março de 2022, por exemplo, o Copom teve dois assentos vagos. Na ocasião, os novos membros da diretoria do BC aguardavam a sabatina no Senado para serem oficializados.
As reuniões são realizadas em duas sessões, sendo a primeira (em duas partes na terça-feira e uma terceira na manhã de quarta-feira) destinada a apresentações técnicas do corpo funcional do BC. Entre os temas, os chefes dos departamentos apresentam aos membros da diretoria dados atualizados sobre conjuntura econômica doméstica e internacional, mercado de crédito, condições de funcionamento do sistema bancário e outros assuntos.
As exposições, com informações que servem de subsídio para a decisão sobre a Selic no dia seguinte, são feitas em uma ampla sala no 8º andar da sede do BC. O painel Descobrimento do Brasil, um Candido Portinari de 1956, decora o ambiente. Durante os encontros do Copom, o acesso à varanda é bloqueado e as cortinas ficam fechadas. O sigilo é imperativo.
Da Redação
Por Alberval Figueiredo