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Apuração da PF cita elo entre PCC e defesa de Adélio, mas direção vê tese furada

OUTRO LADO: Advogado nega ligação com facção e diz que pagamentos recebidos 2 anos após facada em Bolsonaro são de outros clientes

Investigação da Polícia Federal em andamento cita uma possível relação da facção criminosa PCC com pagamentos para a defesa de Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada em Jair Bolsonaro em 2018.

A apuração reiniciada no ano passado contraria conclusões anteriores e aventa uma tese considerada inconsistente pela atual direção da PF, que vê fragilidades nos indícios citados.

Dois inquéritos da PF já apontaram que Adélio agiu sozinho no dia 6 de setembro daquele ano.

O advogado investigado no caso nega qualquer elo com o PCC e diz que os repasses têm relação com a defesa de outros clientes, não a de Adélio.

Repetidos laudos psiquiátricos, feitos em diversas etapas, também já foram conclusivos em apontar a insanidade mental do autor da facada, que acabou sendo considerado inimputável e que cumpre medida de segurança na penitenciária federal de Campo Grande (MS).

O novo rumo no inquérito ocorreu no último ano do governo Bolsonaro, após a Justiça autorizar investigadores a terem acesso ao conteúdo do celular de um dos advogados que fizeram parte da defesa de Adélio e depois de um novo delegado da PF assumir esse caso.

As investigações envolvendo a facada foram alvos constantes de críticas de Bolsonaro. A troca de delegado ocorreu porque o primeiro foi convidado a assumir um cargo no exterior.

O diagnóstico de inconsistência da nova linha de apuração é feito principalmente pela DIP (Diretoria de Inteligência), onde o inquérito está localizado e que é chefiada atualmente pelo delegado federal Rodrigo Morais, que diversas vezes apontou não ter havido mandante no caso.

Para a cúpula da PF, o fato de os pagamentos sob suspeita terem sido realizados dois anos após o atentado é uma das inconsistências.

Além de não concordar com a nova linha de investigação, a DIP ainda vê uma suposta pressão interna nos meses passados para que o caso da facada tivesse algum andamento no período eleitoral.

O atual responsável pela apuração é o delegado Martin Bottaro. Ele assumiu em 2021, quando Rodrigo Morais foi escolhido para um cargo nos EUA. Nos últimos meses, ele contou com a ajuda de outro delegado, Victor Hugo Rodrigues. Bottaro é considerado um dos principais especialistas em PCC na PF.

Folha>

Por Alberval Figueiredo