O diretor financeiro e de Relacionamento da Petrobras, Sergio Caetano Leite, ex-dirigente da Federação Única dos Petroleiros – FUP, é acusado de forjar greve para forçar assinatura de contrato da Petrobras com a empresa Unigel, que traria um prejuízo de meio bilhão de reais à Petrobras
A Petrobrás voltou a ganhar o noticiário por conta de supostas irregularidades que teriam sido cometidas por membros de seu alto comando.
Uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou um potencial prejuízo à Petrobrás em um contrato firmado neste ano com a petroquímica Unigel. Agora, a própria auditoria da petroleira decidiu também lançar uma lupa sobre o caso.
Como resultado disso, os celulares dos diretores William França (Processos Industriais e Produtos) e Sérgio Caetano (Relacionamento com Investidores e Financeiro) foram apreendidos pela auditoria da companhia.
As informações colhidas nos aparelhos poderão selar o destino dos executivos dentro da Petrobrás, seja para a redenção ou para a queda.
Para lembrar, em janeiro deste ano, a Petrobrás e a Unigel anunciaram a celebração de um acordo para possibilitar a retomada das operações das fábricas de fertilizantes localizadas nos estados da Bahia e de Sergipe.
As duas empresas assinaram um contrato de industrialização por encomenda (tolling) para produção de fertilizantes nas plantas. Na prática, a Unigel seguiria como operadora das unidades.
O gás natural usado como insumo nas fábricas seria fornecido pela Petrobrás. Já os fertilizantes produzidos seriam comercializados para a estatal.
Acontece que, em fevereiro, o TCU afirmou que vê indícios de irregularidades e possíveis prejuízos no contrato firmado entre Petrobrás e Unigel. O caso é relatado pelo ministro Benjamin Zymler.
O prejuízo potencial à Petrobras seria de R$ 487,1 milhões. Enquanto isso, canais de ouvidoria da Petrobrás receberam três denúncias de que França e Leite teriam exercido pressão sobre equipes técnicas para agilizar a aprovação da parceria com a Unigel.
PETROBRÁS DIZ QUE CONTRATO SEGUIU OS TRÂMITES LEGAIS
A Petrobrás reagiu às notícias que pipocavam sem parar no mercado. Em um comunicado ao mercado, a empresa destacou logo de início que “a celebração do contrato de tolling com a Unigel respeitou o sistema de governança da empresa e todos os trâmites e procedimentos pertinentes”.
A estatal também bateu o pé ao dizer que o “valor do contrato citado está dentro do limite de aprovação do responsável pela área e passou por todas as instâncias prévias de anuência e validação”.
Inicialmente, conforme noticiou o jornal “O Globo”, a auditoria KPMG teria sido contratada para investigar o caso e teria recomendado o afastamento dos diretores. Acontece que a informação não procede, segundo afirmou a Petrobrás:
“A KPMG é a empresa de auditoria independente da Petrobras desde 2017 e contratada pela companhia para auditar as demonstrações financeiras.
Não é verdade que a KPMG foi contratada pelo Comitê de Auditoria Estatuária ou por qualquer de seus membros para realizar apuração sobre o contrato da Unigel.
Também não procede a informação de que a KPMG teria recomendado que os diretores sejam afastados do processo de certificação das demonstrações financeiras”.
Por fim, a empresa disse que o contrato com a Unigel tem caráter provisório e visa a permitir a continuidade da operação das plantas localizadas em Sergipe e Bahia, por oito meses, sem prorrogação.
As duas fábricas estão arrendadas à Unigel desde 2019. O grupo petroquímico entrou em uma crise financeira, alegando que a queda dos preços da ureia e o preço do gás natural estavam inviabilizando o negócio.
“A intenção das partes signatárias, é, durante a vigência desse contrato, trabalhar conjuntamente na discussão e execução de um modelo de negócios sustentável para essas duas plantas no longo prazo”, concluiu.