Comunidade e visitantes celebram encerramento das manifestações culturais de julho em Santo Amaro
Durante todo o mês de julho, aos domingos, as ruas dos distritos de Santo Amaro se tornaram palco de manifestações culturais tradicionais. As aparições do Nego Fugido e das Caretas, hoje (28), marcaram o fim dos festejos do mês.
Entre os becos e vielas do pequeno distrito do Recôncavo baiano, o Quilombo do Acupe recebeu de braços abertos os filhos da casa e os visitantes de diferentes lugares do Brasil para contar parte da sua história.
Nego Fugido
Segundo contou o professor e um dos líderes da associação por trás da manifestação do Nego Fugido, Monilson Moni, o movimento nasce a partir da mitologia, passada através das gerações por meio da oralidade. “É um mito de uma praga que chegou no período colonial aqui no Recôncavo. Essa praga, na verdade, é uma metáfora para falar da escravidão, do genocídio da população indígena e a escravização do povo negro”.
Nas aparições, como é chamado o momento de apresentação das encenações, os participantes se valem da dança para representar a luta contra a escravização.
“As ‘Danças de Quilombo’, foram criadas pelos senhores de engenho para coibir a fuga de escravizados para o Quilombo de Palmares e ainda existe em vários lugares do Recôncavo, mas aqui, especificamente, vai se associar a um ritual que acontecia secretamente por uma família de voduns, que é o que libertou os escravos”, relatou.
As vestimentas dos participantes são baseadas em uma saia feita com folhas secas de bananeira e chocalhos espalhados pelo corpo, chapéu e colete de couro, para os caçadores.
As “negas”, aparecem com uma bermuda branca e os rostos pintadas com a tinta preta extraída do carvão. Há representações da polícia e monarquia. O último dia das apresentações, marcou a prisão do rei.