Minuta de Torres materializa anos de discursos antidemocráticos do ex-presidente
Que Jair Messias Bolsonaro (PL) passou quatro anos alimentando patranhas golpistas enquanto ocupou a Presidência da República, isso não era segredo para ninguém.
Sob a coberta de uma pretensa liberdade de expressão, temperada pelo morde-e-assopra típico de quem posta uma tolice golpista na internet e retira a publicação em seguida, fingindo nada ter a ver com isso, Bolsonaro trabalhou essa retórica ao longo de seu governo. Foram lives, declarações de cercadinho, postagens.
Última live de Bolsonaro como presidente, em 30 de dezembro, antes de ele ir para os EUA –
Relatos de momentos em que ele quis esticar a corda além do limite não faltam, mas o fato é que as intenções não se materializaram. Bolsonaro sempre se apoiou na dissimulação, mesmo quando seus seguidores vandalizaram a sede dos três Poderes com slogans de sublevação. Estava nos Estados Unidos, afinal, e até condenou de forma enviesada a baderna.
Revelada pela Folha, a minuta de um decreto de estado de defesa específico para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem nome e sobrenome: golpe. Estado de defesa é um instrumento do presidente para casos extremos, mas pontuais, de instabilidade ou calamidade pública. Pode servir para coibir um motim policial, ou para centralizar esforços em caso de uma grande enchente.