O gogó, sozinho, não resolve
A presidente Dilma Rousseff corrigiu um dia: não, ela não queria as coisas para já, mas para ontem. Tinha pressa e pouca paciência. Não foi por isso que seu segundo governo ficou pelo meio, interrompido pelo impeachment. Mas, em parte, foi por isso.
Quem era capaz de se envolver pessoalmente numa batalha de cabides com uma camareira do Palácio da Alvorada não guardava desaforo, dizia desaforo à beça. Para seus ministros e auxiliares próximos, atender aos seus chamados sempre foi um tormento.
Lula 3 começa a se parecer com Dilma 1 e 2 sob esse aspecto. Ele também tem pressa e perde a paciência com facilidade. Anda irritado, ansioso, quer apresentar resultados mal completados 60 dias de governo, e não está satisfeito com o que já fez.
E não foi pouco. Apesar da tentativa de golpe do 8 de janeiro, ou por causa dela e da maneira como Lula reagiu, a democracia está mais forte do que jamais esteve no governo Bolsonaro. Foi estancada a matança de indígenas na reserva dos Yanomamis.
O programa Bolsa Família está de volta. O compromisso com a preservação do meio ambiente atrai parceiros internacionais que haviam se afastado. Foram restabelecidos os fundamentos que tornaram a política externa brasileira tão respeitada.
O passe de Lula é disputado pelos chefes de Estado mais importantes do mundo, seja para que ele os visite, seja para virem visitá-lo. Mais do que uma frase de efeito ou slogan, “O Brasil está de volta” corresponde à realidade depois de anos de isolamento.
Entretanto, Lula se comporta como um presidente zangado e aflito. E não perde uma ocasião de expelir bílis. Seu maior temor é que a economia não decole. Ela cresceu 2,9% em 2022, mas recuou 0,2% no 4º trimestre. Estima-se que este ano cresça abaixo de 1%.
Da Redação
Por Alberval Figueirêdo