Documento fundamentou operação da PF no começo do mês e deu credibilidade à versão de Walter Delgatti
A principal prova usada pela Polícia Federal (PF) para embasar o pedido de busca e apreensão contra a deputada federal Carla Zambelli, no começo deste mês, é um extrato do banco digital Cora, cuja cópia foi obtida pelo Metrópoles. Foi com base neste documento que os investigadores conseguiram dar o mínimo de credibilidade ao depoimento que o programador e “hacker” Walter Delgatti prestou, contando um plano golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No extrato, entregue por Delgatti aos investigadores, há uma lista de quatro transações, via Pix, de pessoas próximas à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), apontada como intermediadora do plano, que incluía uma invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Seria uma forma de descredibilizar as eleições e o sistema judicial brasileiro, expedindo um mandado de prisão contra o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Segundo a investigação, os dados mostram que o programador recebeu, ao menos, R$ 13,5 mil nos meses anteriores e posteriores à invasão do CNJ, “possivelmente como contraprestação pelos serviços prestados, por meio de interpostas pessoas próximas da deputada”. No depoimento, Delgatti disse que foi “pago para ficar à disposição” de Zambelli.
Comprovantes
Segundo a PF, três pagamentos vieram de Renan Goulart, servidor comissionado da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que atua como assistente parlamentar no gabinete do deputado estadual Bruno Zambelli, irmão da congressista. Goulart já foi secretário parlamentar de Zambelli, cargo em que foi sucedido por Jean Hernani Vilela, o outro remetente de recursos, autor de um repasse de R$ 3 mil. Teria havido ainda, segundo Delgatti, pagamentos em dinheiro vivo.
Da Redação
Por Alberval Figueiredo